quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Morre cineasta Arthur Penn















Morreu na noite desta terça-feira (28) o cineasta Arthur Penn, aos 88 anos. Penn é conhecido, entre outros trabalhos, por ter dirigido "Bonnie e Clyde - Uma rajada de balas", sobre o famoso casal de criminosos, interpretado no filme por Warren Beatty e Faye Dunaway. De acordo com Molly Penn, sua filha, o diretor morreu em sua casa em Manhattan, após sofrer parada cardíaca. Segundo Evan Bell, amigo e empresário de Penn, o cineasta estava doente havia um ano. Um dos grandes nomes do cinema americano desde o fim dos anos 1950, Penn alcançou seu maior sucesso com "Bonnie e Clyde", de 1967, que conta a história de um casal de ladrões de bancos durante a depressão econômica nos Estados Unidos (1929-1930), com roteiro de David Newman e Robert Benton. Outra obra importante, "Pequeno grande homem", estrelada por Dustin Hoffman e Faye Dunaway, seria lançada três anos depois. Nascido em 1922 na Filadélfia e filho de um relojoeiro, Penn começou a estudar literatura, mas teve que abandonar sua formação para lutar na Segunda Guerra Mundial. Depois, continuou estudando na Itália (Perugia e Florença, ambas no centro-norte), antes de entrar no famoso Actor's Studio de Nova York. Ingmar Bergman foi seu cineasta mais admirado e em alguns de seus filmes, Arthur Penn lança mão da precisão psicoanalítica de seu mestre na descrição dos personagens, sobretudo de heróis frustrados. Durante a guerra, montou espetáculos teatrais para entreter os soldados, e antes de fazer cinema, Penn trabalhou para a emissora de televisão NBC e estas origens ficaram impressas em seus três primeiros filmes. Seu primeiro longa-metragem de ficção foi "Um de nós morrerá" (1958), filme "cabeça" sobre vaqueiros dedicado a Billy The Kid, escrito por Leslie Stevens e baseado na obra televisiva de Gore Vidal. Depois se seguiu "O milagre de Anne Sullivan" (1962), adaptação de uma peça de teatro de William Gibson sobre a educação de uma menina surda e cega, que já havia dirigido antes para a televisão. Por fim, "Mickey One" (1965), uma parábola anti-macarthista com forte influência europeia. O cinema de Arthur Penn ganhou profundidade com "Caçada humana" (1966), filme encomendado pelo produtor Sam Spiegel, com roteiro de Lillian Hellman, sobre o clima de violência em um povoado do sul dos Estados Unidos. Mas foi "Bonnie e Clyde" que o levou ao topo da carreira. Três anos depois, ele rodou "Pequeno grande homem", feito com Dustin Hoffman e novamente Faye Dunaway, que também teve boa recepção.Entre vários filmes irregulares e fracassados, Penn filmou dois de seus melhores e menos conhecidos filmes: "Um lance no escuro" (1975), um policial tão pessoal quanto atraente, e "Amigos para sempre" (1981), um relato sobre a juventude a partir do roteiro de Steven Tesich com claros componentes autobiográficos. Segundo o "New York Times", Penn pode ter tido participação decisiva na eleição do então senador John F. Kennedy durante o debate em que Kennedy enfrentou Richard M. Nixon em 1960. Ele instruiu o futuro presidente a olhar diretamente para as câmeras e fazer respostas curtas e sucintas, o que deu a Kennedy uma aura de confiança e calma, que contrastou com a presença de seu adversário. Além disso, Penn também dirigiu o terceiro debate entre os dois candidatos. Mas o próprio jornal americano acredita que a maior influência de Penn se dá no campo cinematográfico. Muito dos agora considerados clássicos do cinema americano da década de 1970, como "Taxi driver", de Martin Scorsese, e "O poderoso chefão", de Francis Ford Coppola, seriam impensáveis sem "Bonnie e Clyde", que recebeu duas estatuetas entre as dez categorias a que concorreu no Oscar.

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